Exercício com Monografias - Nathan Balzani
DA TELA AO PALCO: Reflexões de uma Trajetória Teatral-Cinematográfica.
de Emanuel Vinícius de Lavor Miranda.
Orientado por: Prof. Dra. Roberta Kumasaka Matsumoto.
Havia lido esse TCC antes mesmo da atividade ser solicitada, durante a minha busca por monografias que realizassem uma reflexão de integração sobre cinema e teatro, visto que esse é um tema que pretendo explorar em meu trabalho de conclusão. O trabalho de Emanuel é muito bem escrito, divido em três capítulos sendo o primeiro uma análise de acerca da produção de um curta-metragem teatral-cinematográfico, produzido por ele junto do Laboratório Imagens e(m) Cena. Já no segundo capítulo, ele se debruça no seu olhar como espectador para analisar filmes que possuem alguma ligação com o contexto teatral, sendo eles baseados em peças, que falam sobre teatro ou que possuem uma mise-en-scène teatral. Por fim, no terceiro capítulo ele fala do seu trabalho como ator em montagens que realizou dentro do departamento, sendo essas montagens espetáculos teatrais com base em pilares do cinema e sobre como esses conceitos cinematográficos foram adaptados para a linguagem teatral. Gostei muito dessa monografia, pois ela me mostrou que essas conexões de cinema/teatro e sobre o olhar sob o universo cinematográfico dentro da semiótica do contexto teatral são possíveis e que há muito a ser explorado dentro desse tema, visto que artigos e textos que salientam essa ligação são bem difíceis de se encontrar.
CINEMA IN PROCESS: A experiência híbrida entre teatro e cinema no filme “O ouro, o ladrão e sua família”.
de Ramon Lima da Silva.
Orientado por: Prof. Dra. Leo Sykes Libânio.
Esse trabalho também trata sobre o hibridismo entre cinema e teatro, mas se diferencia ao se pautar na descrição de um único processo criativo, no caso, a construção do filme “O ouro, o ladrão e sua família” que serviu como a montagem de diplomação da turma do autor. Fala sobre o hibridismo de linguagens e sobre o processo de escolha, experimentações e decisão de fazer um filme, fortemente pautado em uma encenação teatral, como o trabalho final da turma. Relata as primeiras experimentações na disciplina de MPAC em 2015, ministrada pela Prof. Dra. Rita de Almeida Castro, onde se foi definido pela turma o tema “família”, como principal temática a ser experimentada. A ideia de levar o “ator de teatro” para dentro da produção audiovisual, assim como o processão de criação teatral. Descreve o processo de escolha da estética do cinema mudo, ou como também é chamado de primeiro cinema, como norteador do processo, pois esse cinema é um local de extremamente frutífero para experimentações, pois abre muitas possibilidades de hibridismo. Também mostra trechos e frames de diversos filmes que serviram de inspiração para o processo criativo, mostrando as cenas originais e novas cenas que foram criadas pela turma para o espetáculo fílmico. Revela também como se deu o processo de criação do roteiro a partir de experimentações e das referências cinematográficas anteriormente mencionadas. O trabalho de Ramon é muito bem escrito, nele pude ler sobre um tipo de processo, fortemente pautado no cinema, algo que nunca havia visto antes no departamento. Ele descreve minuciosamente cada etapa do processo, muito bem dividído nos três capítulos da monografia, e me deu muitas ideias sobre como essa tarefa de traduzir um processo teatral para a linguagem acadêmica pode ser feita de forma que não se torne algo rígido ou chato, mas sim interessante de se ler e com muitas referências imagéticas e videográficas.
DO PALCO À CÂMERA: as relações e as diferenças da interpretação no teatro e no cinema.
de Ricardo Monteiro Holanda.
Orientado por: Prof. Giselle Rodrigues de Brito.
Neste trabalho, Ricardo, assim como Ramon mencionado anteriormente, também fala sobre a sua experiência como ator/criador no filme “O ouro, o ladrão e sua família”. Porém, nesse trabalho, o autor se debruça em analisar mais a fundo o seu próprio processo de criação de personagem, a partir dos conceitos de ações físicas e partituras corporais. Tendo já tido experiências com PIBICs que estudavam a relação teatro/cinema, sendo um deles sobre Ariane Mnouchkine e um sobre a composição de vídeo-dança-teatro. Ricardo trata-se em seu trabalho sobre o seu processo de criação de um repertório para atuação que foi fortemente pautado na fisicalidade durante sua jornada no departamento. Se debruça em autores como Stanislavski, Grotowski, Barba e Ferrancini para justificar suas escolhas atoriais e exemplificar escolhas feitas durante a produção do filme. A monografia se divide em três capítulos, sendo que o primeiro trata-se de um memorial a respeito do material cênico para o filme “O ouro, o ladrão e sua família”, onde nessa parte se assemelha bastante à monografia mencionada no tópico anterior, por se tratarem do mesmo processo de diplomação. Porém, é interessante ver duas visões diferentes acerca do mesmo processo, onde o olhar de um integrante pesa mais para alguns aspectos do que para outros, nesse caso, o olhar de Ricardo se foca mais no processo de atuação fisica, enquanto o de Ramon trata mais sobre o processo de transposição e transformação das linguagens cênicas e fílmicas. O segundo capítulo contextualiza os conceitos de ações físicas e partituras corporais a partir dos autores mencionados anteriormente, onde ele revela e justifica suas escolhas como ator dentro do processo criativo. Já o terceiro capítulo, se assemelha ao trabalho anterior ao pontuar as diferenças de interpretação para o teatro e para o cinema, uma área de análise muito rica, pois estamos falando de duas áreas que, por mais que se complementem, continuam sendo muito diferentes entre si. A leitura desse trabalho foi muito interessante, pois pude ver uma abordagem muito focada no processo de interpretação e criação de personagem do que nos outros dois. As formas de analisar e relatar os processos internos e físicos de escolhas atoriais, algo que fazemos durante todo o curso, aqui se encontram de uma forma muito mais aprofundada por se tratar do longo período de produção da diplomação.
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