Black Mirror: The Entire History of You - Nathan Balzani

    A recomendação de texto que eu trouxe para a aula trata-se do roteiro de "The Entire History of You", o terceiro episódio da primeira temporada da série de antologia e ficção científica britânica Black Mirror. O episódio é ambientado em uma realidade alternativa/distópica onde a maioria das pessoas possuem implantes atrás de suas orelhas que gravam tudo o que fazem, vêem ou ouvem, e também permite que eles reproduzam suas lembranças na frente de seus olhos ou em uma tela, através de um processo chamado "re-do". A história segue Liam, um homem que começa a suspeitar que sua esposa Ffion poderia ter tido um caso com seu amigo durante um jantar, ao perceber seu amigo e a esposa trocando olhares. Logo, o protagonista se vê cada vez mais neurótico, revisitando suas próprias memórias para investigar traços da traição e até mesmo exigindo que sua esposa lhe mostre as suas memórias. Ele acaba descobrindo que os dois tiveram um caso há exatos 18 meses atrás, no mesmo período que sua esposa ficou grávida do filho do casal. 
    A série Black Mirror é uma antologia conhecida por tratar da tecnologia e sobre os seus efeitos sociais em histórias diferentes a cada episódio. Dentre os diversos episódios igualmente interessantes da série, resolvi escolher "The Entire History of You" para trazer, pois vejo nele diversas possibilidades de transposição para a linguagem teatral. Primeiramente, a premissa do episódio das pessoas possuírem dispositivos que gravam tudo o que acontece 24h por dia e isso poder ser reproduzido é em si muito interessante e pode ser adaptado para abarcar diversas outras histórias que a turma deseje contar, não tendo que nos restringirmos a história de traição apresentada no episódio. Sinto que, diversas histórias e ideias de cunho distópico e social apresentadas pela turma, podem ser adaptadas dentro desse conceito de repetição de memórias, proporcionando a criação de uma dramaturgia original da turma. Escolhi também esse episódio pensando a partir do ponto de vista da encenação, montagem e cenografia. Isso parte do meu interesse em trabalhar as conexões entre o cinema, o audiovisual e o teatro. Podemos utilizar a projeção para a reprodução das memórias gravadas pelos dispositivos. As memórias atuam como uma espécie de flashback no roteiro, sendo possíveis mostra-las tanto através de projeções, como da atuação dos atores no palco, ou até mesmo uma mescla das duas coisas. Acho um conceito extremamente pertinente em nossa sociedade tecnológica atual, principalmente no momento em que o que mais vemos são noticias sobre vazamento de dados e sobre o quão privadas são as informações que colocamos na internet. Imagine o que o sistema não faria caso fosse capaz de ter acesso as nossas memórias? As gravações de todas as coisas que acontecem em nossas vidas? O que nós mesmo não faríamos caso tivéssemos acesso a algo assim? Até quando somos capazes de respeitar a privacidade alheia? 

O roteiro do episódio está disponível apenas em inglês, mas ele pode ser assistido pela Netflix. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

buscadores/

Auto Avaliação MPAC 1/2022 Marconi Cristino

Projeto